sexta-feira, 5 de setembro de 2008

ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO RANGEDOR: ENTRE O CONCRETO E O ASFALTO




Qualquer cidadão que, por um motivo ou por outro, vocifere seu carro, ou seja, vociferado em um ônibus pela Avenida Jerônimo de Albuquerque na altura do Cohafuma/Calhau, região nobre de condomínios residenciais, bairros de classe média e classe alta, de prédios públicos e empreendimentos privados, na ilha de São Luís, assentirá para si e para os consigo que as obras de emersão da futura Assembléia Legislativa do Maranhão regurgitam a passos largos e profundos para que os deputados estaduais cumpram com afinco as suas prerrogativas de legisladores o quanto antes, pois mal podem eles esperar que enxerguem os que chegam à Assembléia e os que a ultrapassam para se abrigar em um retábulo qualquer durante o dia.

Um cidadão mais desavisado refletirá consigo e, caso seja venturoso e com minutos de sobra para fazê-lo, com os outros sobre a imensa mata que circula à volta da futura Assembléia como se o futuro flexionado pelas empreiteiras, contratadas para as obras terrestres, aéreas e aquáticas sobre aquele e abaixo daquele morro, expressasse peremptoriamente que quaisquer acordos já firmados ou ainda por firmar serão creditados na conta daqueles que lutaram especialmente por esses acordos.

Cai bem na vista para o poder legislativo que a futura Assembléia seja erguida numa área inigualável do ponto de vista ambiental e inigualável também do ponto de vista fundiário, afinal os deputados estaduais recorreram a uma das ultimas manchas expressivas de floresta Amazônica na ilha de São Luís com o fim solene de erguer um dos prédios mais pujantes da história legislativa do Brasil a perder de vista.

Provavelmente, atraiu a futura Assembléia para a área do Rangedor a proximidade com a orla marítima de São Luis o que a capacita para ser um ponto turístico. Quer dizer, os deputados investindo em desenvolvimento sustentável. Nem dá para acreditar, mas é a pura verdade que, ao desmatar um trecho de um buritizal para interligar a rede de energia elétrica aos prédios já dispostos sobre o morro e ao escavar uma área úmida para aterrar e asfaltar, a futura assembléia investe em desenvolvimento sustentável.

Para que tudo isso esteja acontecendo, a Assembléia Legislativa do Estado do Maranhão encenou um acordo com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, na qual parte da área seria destinada para a futura assembléia e o restante para que se consumasse a estação ecológica do Rangedor. De certa forma, a futura assembléia virou a fiel depositária do pouco que ainda resta de mata na área nobre da ilha de São Luís. Um acordo desses foi bom para os dois lados, afinal o setor de fiscalização e de manutenção de unidades de conservação da SEMA não é dos melhores mesmo e a futura assembléia ganhou um imenso jardim, com o qual ela pode faturar na imagem como a única assembléia legislativa que cuida de uma reserva ambiental.

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